Querido amigo,
Tenho te notado tão distante, calado. Sinto que as coisas não estão bem. O que há? Será eu que errei? Será o mundo? Será tu? Tudo está mudando, eu sei, mas nossa amizade não poderia passar por nenhuma transformação, se esta não fosse boa. Gostaria de voltar no tempo...
Lembra daquela tarde em que apenas conversamos e comemos cachorro quente? Lembra das festas em que rimos sozinhos e não prestávamos atenção no que acontecia ao nosso redor, porque o importante era a música que escutávamos. Sei que tu nunca foste muito animado para essa história de dançar, beber, encher a cara e, por isso, te admiro, mas não dá para deixar passar a oportunidade de estarmos ao lado de quem amamos e de quem nos ama. Amigo erra, amigo perdoa. Alguns dormem em praças, pulam carnaval, outros escrevem, tocam violão, uns falam demais, outros são calados, mas o que existe entre amigos é muito forte para ser derrubado pelas diferenças.
Estou preocupada, sim. Não gosto de te ver assim, fora do mundo, sem muitas palavras. Gosto de ouvir tua voz cantando ou, simplesmente, me ensinando a tocar "Parabéns" no violão, ou ainda, dizendo que eu escrevo muito bem.
Amigo, tu não estás só. Tens uma família incrível e pessoas que querem te ver bem e, principalmente, ao nosso lado, mas sendo o que sempre foste: o nosso grande amigo.
Não sei porque te escrevo, se tu poderias me escutar, mas sei que penso tudo isso porque reconheço tua personalidade, teus sonhos, teus gostos. Gosto da tua companhia, mas não do teu silêncio. Estarei contigo, mesmo que te calares, mas prefiro te ouvir e pode até ser enquanto tu dizes que estou errada. Não me importo.
Se quiseres conversar e falar sem parar, estarei aqui e não estou sozinha, pois há uns cinco ou seis que são verdadeiros irmãos, ao meu ver. Os outros que me perdoem, mas amigos fiéis mesmo são poucos, muito poucos e uma prova disso é que não foram muitos que caminharam, no mínimo, cinco quadras a pé, no frio, para tirar um sorriso teu. Conte comigo, velho amigo. Velho porque não é de hoje, amigo porque é para sempre!
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