domingo, abril 08, 2012

Conto: Tarde qualquer

Estava ela sentada em frente ao prédio de apoio da universidade. Eu, do alto de um edifício, podia acompanhar qualquer pessoa que na rua passava, mas me chamou atenção aquela moça (Ou seria já uma mulher?). Talvez, eu tenha acompanhado um dos momentos mais importantes de sua vida ou apenas uma tarde sem sentido. Não sei se ela sabia o que estava fazendo. Vestia calça jeans, um sapatinho sem salto e um casaquinho preto. Roupa ideal para o dia, pois ventava e era início de outono.
De repente, desviei o olhar e vi um menino e uma menina descendo pela rua. Menino e menina, forma de falar, porque eram universitários. Ele chamou minha atenção. Era a perfeita representação de um estudante. Tênis, calça jeans, camiseta branca e uma bolsa atravessada. O cabelo parecia ser cacheado. Pensei em assistir à novela, mas continuei analisando aquelas pessoas.
O que eu jamais imaginaria é que o menino encontraria a moça de calça jeans, sapatinho sem salto e casaquinho preto. Sim, a menina que acompanhava o estudante de cabelo cacheado entrou no prédio e, então, continuei analisando o casal.
Ele sentou ao lado dela. Começaram a conversar. Ela tomava uma Coca, provavelmente comprada no bar que havia logo na entrada do prédio.
Não sei o que conversavam, mas pelo jeito falavam de algo interessante, de algo que era comum aos dois.
Assisti uma parte da novela e, quando olhei para a entrada do prédio, a estudante que tomava a Coca e o menino da bolsa atravessada se beijaram. 
Chegaram mais algumas pessoas, os cumprimentaram e devem ter ido assistir à aula. Assustei-me quando vi a menina entregando uma pasta para outra estudante que chegava. Pensei “Ah, ela vai ‘matar’ aula. Isso é feio! Os pais dela não devem gostar disso!”. O que isso mudaria minha vida? Eu não tinha nenhuma ligação com ela ou tinha, porque, talvez, eu saiba de muitos detalhes que ela não tenha se dado conta. Quem sabe, eu esteja me intrometendo. Quem sabe, eles não gostem do que escrevi se é que um dia os personagens serão identificados.
Continuando, percebi que depois de um tempo, já eram três horas da tarde quando o casal entrou no prédio. Acredito que não eram colegas e não consegui identificar seus respectivos cursos. Pensei que iam continuar juntos. Não sei se continuaram ou não, mas às 19hrs, quando saí do Edifício em que eu estava analisando-os, vi apenas o menino subindo a rua. Deveria ir embora. Talvez, eles tivessem horários diferentes para o término das aulas ou não quisessem mais conversar. Talvez, tenham marcado um jantar ou aquela tarde teria sido única, nunca mais se repetiria.

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